Muita gente reclama dos gostos
musicais do povo brasileiro. Mas antes de criticar, que tal conhecer um pouco
da história da música brasileira?
A maior influência que temos é da
música africana, com ritmos frenéticos e instrumentos básicos, trazida pelos
escravos. Mas não foi a única influência. Os colonizadores europeus trouxeram a
dança de salão, o erudito, os saraus e a música religiosa. A mestiçagem foi
elementar para a formação da cultura do nosso país, tendo início oficial em
1888 após o fim da escravatura. Essa mistura se tornou responsável pelo que
conhecemos hoje como música brasileira.
O maxixe foi o primeiro ritmo
musical brasileiro, que é a mistura entre a “modinha” (composição suave, geralmente romântica, tocada na viola e
dançada em salões) e o “lundu” (significa umbigada e é uma espécie de samba
muito sensual praticado nas rodas dos escravos). Por volta dos anos 1880,
surgia um novo jeito de fazer música brasileira, era uma forma mais charmosa e
chorosa de tocar as músicas que vinham da Europa, que começou a ser chamada de
“choro”. O
jeitinho brasileiro de se fazer música foi criando forma, a improvisação e a
habilidade dos músicos se tornaram características do "choro".
Reuniam-se geralmente violinistas, cavaquistas e flautistas. Um nome importante
no inicio do choro foi o flautista Joaquim Antônio da Silva Calado, ou somente
Calado.
Entre
as décadas de 10 e 20 era forte a presença da música sertaneja, bem diferente
do sertanejo que estamos acostumados hoje em dia. Como exemplo podemos citar a
musica Luar do sertão, composta por Catulo da Paixão Cearense e João
Pernambuco. As primeiras gravações musicais no país dão inicio no ano de 1900 e
acabaram impulsionando a música como negócio e como objeto de consumo e lazer.
O
carnaval de rua foi trazido pelos europeus para o Brasil no final do século
XVIII. Pessoas das classes médias e altas faziam sua folia dentro de salões,
com bailes de mascaras que imitavam os grandes bailes de Paris. Já a classe
baixa fazia suas marchas na rua, criando conseqüentemente, o samba. Diferente
do samba que conhecemos hoje, o samba das marchinhas era tocado com
instrumentos de sopro. Ainda
com ao fim da escravatura, muitos negros
saíram da Bahia para viver no Rio de Janeiro. Esse movimento foi fundamental
para a criação do samba por volta dos anos 1910, e teve como figura importante
o músico, compositor e violonista Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga,
que gravou o primeiro samba: Pelo Telefone. O samba chegou ao seu auge com a
época de ouro do rádio brasileiro, na década de 30.
Com
o crescimento do rádio e das gravações, no final dos anos 20, ser musico se
tornava uma profissão. Como
primeiro meio de comunicação midiático do país, o rádio se tornou uma fonte
universal de informações e entretenimento. Nomes como Carmem Miranda, Ary
Barroso e Pixinguinha surgiram.
Logo
a televisão chegou ao país e foi tomando o lugar do radio nas casas de classe
social mais alta, na década de 50 um novo movimento surgia no Rio de Janeiro. Elizeth
Cardoso deu o pontapé inicial da Bossa Nova ao gravar “Canção do amor demais”. Logo artistas como João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom
Jobim surgiram, inovando a música brasileira, pois suas composições tratavam
sobre assuntos com caráter apreciativo como a exaltação da beleza.
Paralelo
ao sucesso da Bossa Nova, um novo gênero vindo de fora do país começava a
interessar jovens no país.
O rock de Elvis Presley e dos Beatles influenciava
jovens que também queriam formar suas bandas em casa. Também interessada nesse
sucesso e na repercussão que o rock causava entre os jovens, um dos canais de
televisão da época criou a "Jovem Guarda”. Nomes muito importantes do
movimento eram Roberto Carlos, Wanderléa, Nalva Aguiar, entre outros.
A
MPB (música popular brasileira) estava se formando, tanto como movimento
cultural como protestante contra a ditadura militar no país, e apresentou ao
público nomes como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Edu Lobo. O ano de 1970 foi
marcado pela consolidação do MPB. Com o passar dos anos mais artistas surgiam,
como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Elis Regina e Maria Bethânia.
Durante
os anos oitenta nascia dentro do rock brasileiro o movimento BRock (Rock
Brasil), com o surgimento de artistas como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs,
Ultraje a Rigor e Legião Urbana. No final da década de 1980, gêneros populares
ou regionais como o sertanejo, o pagode e o axé music passaram a ocupar espaço
considerável nas emissoras de rádio FM e canais de TV.
A
música não parou desde então. Muitos estilos ainda estão vivos e ativos
artisticamente até hoje. Roberto Carlos ficou conhecido como “ o rei do pop”, e
alguns outros artistas continuam na mídia.